quinta-feira, 14 de maio de 2020

Albergaria-a-Velha 1944

«... e Albergaría, possivelmente a mais antiga do País e a que, por isso mesmo, se deu o nome de Albergaria-a-Velha, continua a transformar-se, a progredir e, acompanhando, a par e passo, o movimento de forte impulsíbilidade que há onze anos a esta parte imprimem ao País os continuadores do patriótico movimento de 28 de Maio de 1926, aquele solo agreste e quási ínhóspito é duma, fecundidade exuberante e de tais recursos agrícolas e pecuários que bem pode dizer-se que, em relação aos seus habitantes, se basta a si próprio, visto que dêle se extrai ou nêle se cria, com suficiência, milho, trigo, arroz, batata, vinhos, legumes, hortaliças, e aves de espécies diversas e gado bovino, suíno, caprino e lanígero, cujos mercados e feiras são abundantes.»

Sob o ponto de vista da organização associativa, Albergaria-a-Velha e o seu concelho vem seguindo também a marcha evolutiva da época que passa e, orientada por um princípio disciplinado e disciplinador, contam-se já, no seu âmbito, numerosas colectividades ou associações de valor entre as quais é justo destacar a Misericórdia de Albergaria, a Associação de Socorros Mútuos, a Corporação e a Banda dos Bombeiros Voluntários, o Grémio Recreativo, o Sporting Club e o Arregaça Foot-Ball Club, em Albergaria; as Bandas de Música de Angeja e S. João de Loure, a Tuna de Valmaior, a Casa do Povo, em Alquerubím, e a Fundição «Alba».

Comercialmente, Albergaria tem-se desenvolvido também nestes últimos anos, porque, e isso é óbvio, se vêm surgir, por cada lado estabelecimentos de todos os géneros e é crescente o movimento e número de transacções que se verificam nos seus diversos mercados e feiras, entre os quais merecem especial menção o mercado semanal de Albergaria e as feiras mensais de Angeja, em 26 de cada mês, da Branca, nos dias 9 e 22, e ainda o de Albergaria que se realiza também mensalmente, no dia 19.

Mas, se o povo de Albergaria e do seu concelho é essencialmente trabalhador e activo, extraindo da terra, numa luta contínua, o pão de cada dia, é também, e disso se orgulha, um fervoroso crente, e, a par das suas crenças religiosas, de que não abdica, continua a manter o culto tradicional pelas suas festas e romarias, entre as quais, as maiores e de maior tradição e concorrência são: Senhora do Socorro, em Albergaria-a-Velha, no terceiro domingo de Agosto; à Senhora das Neves, em Angeja, no primeiro domingo de Agosto depois do dia 5; à Senhora da Alegria, no domingo de Pascoela.


Albergaría-a-Velha, a cujos destinos administrativos preside uma edilidade composta por homens de valor e de impoluto carácter, que incarnam, absolutamente, o espírito renovador do Estado Corporativo Português, não é agora aquêle ignorado «albergue para os pobres e passageiros» a que D. Teresa a destinou.

Já, a par do comércio, a indústria se desenvolve e vai levar bem longe o seu nome.

A Fundição «Alba», que é, no seu género, uma das melhores do País, e a melhor, sob o ponto de vista das instalações, salubridade e métodos de trabalho; a produtiva fábrica de Valmaior, da Companhia do Papel do Prado, a «The Cáima Pulp C.* Ltd.,» no lugar do Caima — única no País, para produção de pôlpa para papel, a Fábrica da Branca da Empresa Cerâmica, as fábricas de olaria de Assilhó (Albergaria-a-Velha), Biscaia e Angeja, e as fábricas de serração de Albergaria-a-Velha e Albergaria-a-Nova, evidenciam um forte desejo de desenvolvimento e de progresso que, aliás, se traduz nas obras já produzidas após o movimento de 28 de Maio e que a comissão administrativa da Câmara Municipal deste concelho em efectividade há alguns anos já vai realizar e entre as quais avultam a continuação da abertura da Avenida de Assilhó, a construção de retretes públicas, lavadouro de viaturas e bebedouro para animais; a construção de cosas para pobres, na sede do concelho; a construção de lavadouros e fontes públicas; ajardinamento de largos em Albergaria e sedes de outras freguesias; captações e canalização de águas para fontes das diversos freguesias e da vila; reparações de ruas e de estradas de todo o concelho e vila; electrificação de algumas freguesias e instalação de postos telefónicos Públicos em Albergaria-a-Velha e outros melhoramentos de interesse geral, cujos projectos estão em elaboração.

Verifica-se, pois, que Albergaria floresce, se eleva e progride e, que do acanhado Couto da excelsa infanta-rainha, aos poucos se vai formando uma Albergaria maior onde, dia a dia, se albergam maior número de adesões e aplausos à obra gloriosa dos homens do Estado Novo, cujo chefe — Salazar — encarna todas e as mais elevadas virtudes da nossa Raça.

 Caminhos de Ferro do Vale do Vouga - Albergaria-a-Velha (1944, Gazeta dos Caminhos de Ferro nº 1363, ano LVI, 01/10/1944, pp. 511-519)

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